A condição conhecida como medula presa, ou medula ancorada, é um distúrbio neurológico em que a medula espinal fica fixada a estruturas anormais, como tecido cicatricial, tumores ou malformações congénitas. Essa fixação impede a livre movimentação da medula dentro da coluna vertebral, o que pode levar a sintomas progressivos, como dores nas costas, fraqueza muscular, alterações na sensibilidade e disfunções urinárias ou intestinais.
Quando o tratamento conservador não é suficiente ou os sintomas são graves e progressivos, é necessária a cirurgia para liberação da medula. Neste texto, vamos detalhar como é realizado o procedimento, os cuidados pós-operatórios e a recuperação, com ênfase nas práticas essenciais para garantir o sucesso do tratamento.
O que é medula presa?
A medula espinal é uma estrutura vital que transmite sinais entre o cérebro e o resto do corpo. Na condição de medula presa, essa estrutura fica “ancorada” por aderências ou malformações, o que dificulta seu movimento normal durante o crescimento ou os movimentos cotidianos.
Causas comuns de medula presa:
- Malformações congênitas, como a síndrome do filum terminal, cistos congênitos ou lipomas espinais.
- Cirurgias anteriores da medula, que podem levar à formação de tecido cicatricial.
- Tumores medulares ou das raízes nervosas.
Os sintomas variam dependendo da idade do paciente e da gravidade do caso, mas podem incluir dor crônica, escoliose, fraqueza nas pernas, alterações na sensibilidade e disfunções nos esfíncteres.
Quando a cirurgia é indicada?
A cirurgia é recomendada para crianças que apresentam sintomas, com o objetivo de prevenir danos neurológicos permanentes, como fraqueza muscular, alterações na sensibilidade ou perda do controle sobre a bexiga e o intestino.
Mesmo crianças sem sintomas, mas com diagnóstico confirmado, podem precisar da cirurgia de forma preventiva, já que a ancoragem da medula pode provocar complicações graves durante o crescimento da coluna.
Em adolescentes, a condição pode se agravar em períodos de crescimento acelerado, como na puberdade. Indícios como dor na região lombar, escoliose ou dificuldades motoras podem ser sinais de que a intervenção cirúrgica é necessária.
Como é feita a cirurgia de medula presa?
A cirurgia para medula presa é chamada de liberação microcirúrgica da medula. O objetivo é liberar a medula espinhal das estruturas que a estão fixando, permitindo que ela volte a se movimentar livremente. Esse procedimento é realizado por um neurocirurgião especializado, com o uso de técnicas modernas e tecnologia de ponta para garantir precisão e segurança.
Etapas da cirurgia:
- Anestesia geral: O paciente é colocado sob anestesia para garantir conforto e segurança durante o procedimento.
- Acesso cirúrgico: É feita uma incisão na região da coluna onde a medula está presa. Exames de imagem pré-operatórios ajudam a identificar o local exato do problema.
- Liberação da medula: Com o uso de microscópio cirúrgico e monitorização neurofisiológica, o neurocirurgião remove cuidadosamente as aderências ou tecidos anormais que estão fixando a medula.
- Fechamento da incisão: Após garantir que a medula está livre, a área é fechada com suturas e materiais apropriados.
A duração da cirurgia varia dependendo da complexidade do caso, mas geralmente leva entre 3-5 horas. O uso de tecnologias como microscópio de alta resolução e monitorização neurofisiológica intraoperatória garante maior segurança ao procedimento.
Como é o pós-operatório da cirurgia de medula presa em crianças?
O pós-operatório da cirurgia de medula presa é um processo delicado que requer cuidados específicos para garantir uma boa recuperação e prevenir complicações. Aqui está um resumo detalhado do que esperar:
Internação hospitalar
Após a cirurgia, o paciente permanece no hospital para monitoramento e controle da dor. Os cuidados incluem:
- Observação neurológica: Força muscular, sensibilidade e reflexos são avaliados regularmente para garantir que não houve danos adicionais.
- Controle da dor: Analgésicos e anti-inflamatórios são administrados para aliviar o desconforto.
- Prevenção de infecções: Cuidados rigorosos com a ferida cirúrgica para evitar complicações.
A internação geralmente dura de 3 dias, dependendo da resposta do paciente à cirurgia.
Cuidados em casa
Uma vez liberado, o paciente deve seguir uma rotina cuidadosa em casa. Algumas das principais recomendações incluem:
- Repouso relativo: Evitar atividades intensas, movimentos bruscos ou levantamento de peso.
- Higiene da ferida cirúrgica: Manter a área limpa e seca, seguindo as orientações médicas para troca de curativos.
- Medicação: Continuar com os analgésicos e anti-inflamatórios prescritos, se necessário.
- Atividade leve: Caminhadas e brincadeiras leve spodem ser encorajadas para estimular a circulação e prevenir coágulos, além de acelerar a recuperação neurológica em casos já sintomáticos.
Reabilitação
A recuperação total após a cirurgia de medula presa pode levar semanas ou meses, dependendo da gravidade do caso e da idade da criança. A reabilitação é uma parte essencial desse processo.
Fisioterapia
A fisioterapia ajuda a fortalecer a musculatura, melhorar a mobilidade e prevenir rigidez. Os objetivos principais incluem:
- Restaurar a força muscular nas pernas e nas costas.
- Melhorar o equilíbrio e a coordenação.
- Prevenir ou regredir deformidades, como escoliose.
- Interromper a progressão de problemas urinários ou intestinais.
Terapia ocupacional
Em casos mais graves, a terapia ocupacional pode ajudar o paciente a retomar as atividades do dia a dia com mais segurança e eficácia.
Consultas de acompanhamento
Consultas regulares com o neurocirurgião são indispensáveis para monitorar o progresso. Durante essas visitas, exames de imagem, como ressonância magnética, podem ser realizados para verificar se a medula permanece livre.
Seu filho foi diagnosticado com medula ancorada e você tem muitas dúvidas sobre a cirurgia? Entre em contato e agende uma consulta. Meu propósito como médico é oferecer um atendimento acolhedor e esclarecedor em todos os aspectos.